Salas do Palacete do Visconde


Sala Visconde de Sacavém

Antiga sala de jantar do Visconde, está decorada com painéis de azulejos holandeses dos séculos XVII/XVIII.
Esta sala apresenta uma sínteses representaiva de vários centros cerâmicos portugueses e estrangeiros. Da produção portuguesa estão representados exemplares do Norte do país; Viana, Miragaia, do Centro: Coimbra, Lisboa, Juncal e do Sul: Estremoz; da produção estrangeira destacam-se exemplares de França, Inglaterra, Itália, Espanha e China.
Nesta sala destacam-se, entre outros, o “Grupo Mitológico” de Clodion (1738-1814) uma taça de Majólica italiana do século XVI, o “Busto de Criança”, executado no Atelier Cerâmico, pelo austríaco Joseph Füller (1861-1927) e que retrata o 3º Visconde, José Manuel Pinto Sacavém (1894-1973). Busto de Criança do Visconde de Sacavém


Sala de Faianças da Fábrica do Rato

Sala decorada com azulejos portugueses de finais do século XVII e holandeses dos séculos XVII e XVIII, apresenta peças da Real Fábrica de Louça, ao Rato dos primeiros anos de produção, considerado o período mais brilhante.
Esta faiança revela influências orientais e europeias (França, Inglaterra, Holanda e Itália). Grande número de peças passaram, nesta altura, a ser autenticadas com a marca da fábrica ou com o nome do fabricante.

A indústria cerâmica foi, nesta altura, activada pelas reformas do Marquês de Pombal (1º Ministro do rei D. José) que deu apoio e criou novas indústrias, entre as quais a Real Fábrica de Louça, ao Rato, criada em 1767, em Lisboa junto à Fábrica das Sedas. Deste centro fabril saiu a linha orientadora que transformou e definiu a cerâmica dos séculos XVIII e XIX. Várias fábricas foram criadas por todo o país, tendo à frente mestres formados na Fábrica do Rato, assumindo no entanto características regionais, como Coimbra, Juncal, Porto, Viana e outras.


Jarrão da Real Fábrica de Faianças, ao Rato


Antiga Cozinha - Olaria

A tradição cerâmica das Caldas da Rainha remonta provavelmente à época do Neolítico, mas só se encontra documentada a partir de 1488, após a fundação do Hospital Termal que esteve na origem da criação da Vila.

Documentos comprovam a existência, neste centro, da presença de oleiros e de uma actividade cerâmica significativa nos séculos XVI e XVII e que teve continuidade.
Nesta dependência, antiga cozinha do Palacete, estão expostas peças de olaria da região de Caldas da Rainha, do século XVI ao XX, destacando-se pelos vidrados característicos verde garrafa e castanho cor de mel.



Sala da Cerâmica Caldense

A actividade cerâmica em Caldas da Rainha assumiu, no século XIX, características especiais, com as produções da barrista Maria dos Cacos, autora de peças utilitárias antropomórficas e de Manuel O Mafra, ceramista protegido do rei consorte D. Fernando de Saxe Coburgo.


A produção de Manuel O Mafra evoluiu para modelos mais elaborados, inspirando-se na produção naturalista das escolas francesas de Paris e de Avisseau (herdeiras do estilo do ceramista francês da renascença, Bernard Palissy) e que Manuel Mafra conheceu, através da colecção de D. Fernando. Esta produção destacou-se pelas peças decoradas com motivos da natureza: répteis, peixes, frutos, folhas, e fundos de musgado ou areado, destacando-se das formas da olaria tradicional e constituindo-se como fonte de inspiração para o desenvolvimento da obra de Rafael Bordalo Pinheiro.
Prato com lagosta da autoria de Manuel O Mafra

A Fábrica de Faianças e a obra de Rafael Bordalo Pinheiro

A criação, em 1884, da Fábrica de Faianças de Caldas da Rainha, dirigida por Rafael Bordalo Pinheiro (1846-1905), com maquinaria moderna e formação dos operários, constitui o culminar da forte tradição cerâmica local.
Bordalo Pinheiro foi caricaturista e ilustrador, dedicando-se à cerâmica aos 38 anos de idade, ao assumir, em 1884, a direcção artística da Fábrica de Faianças das Caldas da Rainha.
Realizou uma vasta e criativa obra cerâmica, nos estilos naturalista, historicista e Arte Nova. Cultivou a ironia e o humor através da cerâmica, satirizando personagens e situações da vida política e social portuguesa. Teve grande sucesso nacional e internacional, participanto na Exposição Internacional de Paris, em 1889.
Apesar da qualidade artística, a Fábrica de Faianças sofreu problemas financeiros e foi à falência em 1906 (um ano após a morte de Bordalo) tendo sido vendida em hasta pública.
A nova administração entregou a direcção artística da Fábrica ao escultor Costa Motta Sobrinho que, entre 1908 e 1916, realizou uma notável obra cerâmica, caracterizada, sobretudo, pelas formas despojadas e vidrados metalizados.

Jarrão Magnólia da autoria de Rafael Bordalo Pinheiro


Manuel Gustavo Bordalo Pinheiro

Manuel Gustavo Bordalo Pinheiro (1867-1920) foi o principal colaborador e continuador do seu pai, Rafael Bordalo Pinheiro. Manteve o estilo naturalista da cerâmica tradicional, mas introduziu modelos com linhas mais modernas e despojadas, nomeadamente, na vertente Arte Nova.
Após a morte de Bordalo, Manuel Gustavo fundou com o apoio de alguns dos seus operários, em 5 de Novembro de 1908 uma nova fábrica que nomeou Fábrica Bordalo Pinheiro, dando assim continuidade à obra do seu pai.

Cabaça com Lagarto da autoria de Manuel Gustavo

Sala do Atelier Cerâmico

Fundado pelo 2º Visconde de Sacavém, José Joaquim Pinto da Silva (1863-1928), o Atelier Cerâmico foi uma pequena oficina que funcionou no recinto da Quinta Visconde de Sacavém (actual Museu de Cerâmica) e na qual se produziram, a par de peças artísticas, elementos arquitectónicos que ornamentam as fachadas do Palacete.
Foi director artístico o austríaco Joseph Füller (1861-1927), e teve a colaboaração de ceramistas como Avelino Belo, díscipulo de Rafael Bordalo Pinheiro.

A oficina laborou apenas entre 1892 e 1896, altura em que foi encerrada, sendo transferida para a Rua do Sacramento à Lapa, em Lisboa, para ser produzida a decoração cerâmica do Palacete do Visconde, na capital.


Guitarra do atelier de cerâmica do museu.

Sala da Cerâmica Contemporânea

Este espaço acolhe peças de cerâmica contemporânea, produzidas a partir dos anos 50. Destaca-se um núcleo da Fábrica Secla, criada em 1947, nas Caldas da Rainha, no período após a II Guerra Mundial. Esta fábrica desenvolveu uma política de "portas abertas", acolhendo artistas consagrados, como Hansi Stäel, António Quadros, Júlio Pomar, Ferreira da Silva, Herculano Elias, entre outros. Os modelos produzidos foram comercializados em exemplares únicos ou industrializados, imprimindo um estilo inovador à produção corrente de louça utilitária.
Podem ainda ver-se peças de autores contemporâneos, como Eduardo Constantino, Ferreira da Silva, Francis Behets, Armando Correia, Bela Silva, Ilda Bragança, Cecília de Souza, Emídio Galassi e painéis de azulejos de Manuel Cargaleiro.


Miniaturas em Barro
As miniaturas expostas, verdadeiras obras de arte em minúcia, são da autoria de Francisco Elias (1869-1947), discípulo de Rafael Bordalo Pinheiro na Fábrica de Faianças das Caldas da Rainha e de José da Silva Pedro (1907-1981) barrista, natural de Maceira-Liz, Leiria que também se dedicou à miniatura em barro.


Sem comentários: